quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O que acontece quando prédios desabam? Não conseguem nem contar o número de mortos

Depois de toda aquela conversa sobre a rigorosa fiscalização que seria feita no Rio em outubro do ano passado, quando um restaurante explodiu, hoje, exatamente às 13h32 desta quinta-feira, 26 de janeiro de 2012, ainda não conseguiram contar o número de corpos no desabamento de três prédios ocorrido há 17 horas no centro da cidade. Eram cinco, são três. Ora, meu amigo, ou é ou não é! O problema é que no Brasil as coisas nunca são: elas deveriam ser, poderiam ter sido. Seriam, não são ou serão; quem sabe fossem, um dia poderão ser, três meses depois as coisas ainda fingem que vão, fingem que não vão e acabam não fondo, como diz a sabedoria nacional.

Inútil discutir o que leva a um desabamento de prédios como o ocorrido. Geralmente eles caem quando são bombardeados ou implodidos, creio eu, mas devo estar errado, pois no Brasil todos estão errados, não seria eu a fugir à regra. Por que caem? Afinal, deve ter sido um excelente projeto, com materiais de primeira, em um local perfeito. Engenheiros e seu órgão de representação devem ter fiscalizado, as verificações devem ter sido constantes, com pessoal qualificado dos bombeiros. As instalações de gás no centro do Rio de Janeiro devem estar perfeitas depois da rigorosa fiscalização de outubro do ano passado. A reforma que estava sendo feita era ótima até tudo ir abaixo, agora "era ilegal". Não há ocupação inadequada do solo nas cidades brasileiras, é papo de gente chata.

E tem ainda o famoso "vamos investigar": vocês vão investigar é a casa do caralho! É evidente que vocês não vão investigar nada. Haverá no máximo um laudo mequetrefe, cheio de erros de português, que não levará a nada. Entrarão em férias e depois em licença, quando voltarem dedicarão seus dias a outras coisas. Ninguém será responsabilizado por nada. Tudo isso vai virar uma menção na retrospectiva do ano, quando as pessoas dirão "ai, que coisa horrível" depois de encherem o cu de comida, cachaça e novela.

Por incrível que pareça, quem melhor retratou o Brasil em uma única frase foi um dos generais que se passou por presidente. Quando perguntado sobre o melhor nome para governar o Brasil, João Figueiredo resumiu: "Só o Satanás pra governar isso aqui".