Este blog é a favor da liberação de todas as drogas. Porque não vivemos na idade média. E porque não somos favoráveis a chafurdar na lama entorpecente do senso comum. Liberar não significa incentivar o uso, mas apenas dar o direito, a quem quiser, de usar o que quiser. O resto é conversa mole de panaca que abandona a discussão após a segunda pergunta. Uma curiosidade: alguém aí já viu alguma pesquisa que indique quantas pessoas morrem em decorrência do uso de drogas e quantas morrem por causa do tráfico de drogas? Tal pesquisa não existe, seria desconfortável para certos setores. A "problemática das drogas", como dizem os idiotas, está ligada ao tráfico, não às drogas. Se proibirmos a venda e o consumo de paçocas, em dez anos estarão matando por causa das paçocas. E os idiotas farão discursos fáceis sobre "a problemática das paçocas". Enfiarão mais e mais dinheiro público no ralo para organizar congressos e seminários, montar "equipes multidisciplinares" e "construir políticas públicas" que não chegam a lugar algum.
Por que as drogas são proibidas? "Se tiver um plebiscito, você verá que a maioria da população é contra a liberação", responderá algum cérebro de paca. Ora, a "população" só quer o que enfiam na cabeça dela. Triste, chavão, lugar comum e verdadeiro. O Joãozinho comprar uns baseadinhos é crime, o médico encher o Joãozinho de antidepressivos não é crime. É disso que a "população" gosta: andar anestesiada por aí, trabalhando para sustentar a indústria farmacêutica. A verdade é que a proibição das substâncias psicoativas, bem como a guerra decorrente dessa proibição absurda, engorda uma matilha de cafajestes. Tem gente que vive disso. Candidatos pregam o "endurecimento contra as drogas", seja lá o que isso signifique. Com esse discurso fútil, delegados fogem do trabalho para viver na mamata dos cargos eletivos, mas fazem vistas grossas quando seus amiguinhos deputados cheiram toneladas de pó na sua frente. Hipócritas.
O discurso está armado justamente para pegar a "população que é contra a liberação", conhecida como massa de manobra em bom português. A população de cérebros da javali que recebe patadas durante quatro anos, mas que segue bovinamente, no dia da eleição, para votar em trastes; a população que trabalha e paga impostos para manter uma polícia que achaca e libera os traficantes "que matam os seus filhos". Tudo faz parte do projeto "das sensaçã das inseguranza": a violência é a melhor arma para manter o populacho em seu lugar. Rende os melhores discursos eleitorais. Perpetua a existência da polícia, que defende apenas o patrimônio e não combate o crime por um motivo óbvio: se o crime não existisse, a polícia não teria necessidade de existir. Em nome da "segurança", todos aceitam ter suas vidas invadidas. Hoje são as câmeras em locais públicos, amanhã será o registro único, o toque de recolher. Com "aprovação" da massa de manobra, aquela que paga impostos, passa a vida em filas, come lixo e vota em trastes. Os inimigos eram os comunistas, hoje são as drogas. E só existe uma coisa pior do que fazer papel de palhaço: fazer papel de palhaço sem se dar conta de que se vive sob a lona de um circo.
Se você não gostou, não fique tristinho. Tome seu antidepressivo.