terça-feira, 29 de junho de 2010

Ainda que inútil, voto nulo neles

Nesse país, só os aeroportos têm uma utilidade: nos levar pra bem longe daqui. O resto é inútil. Meu salário é inútil, é sugado de várias formas pela camarilha da iniciativa privada ou por um bando de bufões do serviço público, e vai embora pelo ralo da incompetência e da desfaçatez. Os impostos são inúteis: as estradas são pedagiadas, os postos de saúde são pardieiros, a polícia é incapaz, e a educação, pública ou privada, não passa da mais deslavada mentira. Até o voto nulo por aqui é inútil: os "legisladores" jamais permitiriam que uma eleição fosse anulada. Por aqui o voto é uma arma, como dizem os idiotas, do cidadão - palavra que designa os inocentes úteis, os cérebros de doninha que assinam embaixo de tudo que não sabem e não entendem. Analisemos três casos:

1 - Muita gente votou na candidata por birra daquele que é sempre senador. Se estivesse sozinha na disputa, ela não teria tantos votos. Com uma votação relativamente expressiva, achou que estava credenciada para disputar a prefeitura. Não estava. Resultado: vitória fácil do cara que tem a carteira de trabalho imaculada. Quem votou nela em eleição passada abriu caminho para uma derrota na eleição seguinte - e no primeiro turno.

2 - Quem não tem muita coisa pra fazer vota no assim chamado melhor parlamentar. Não têm nem muita idéia do que ele faz, mas votam. Resultado: a cada eleição o partido usa seu nome por aí. Ora sai pro Senado, ora pra prefeito. Votar é dar poder de barganha.

3 - Costumam por aí votar em irmãos, pasmem, para cargos majoritários. Resultado: a cada eleição eles ensaiam belas candidaturas e vivem reunidos pra lá e pra cá. Vão e voltam, já foram e recuam, às vezes vão e perdem. Quem ganha?

Duro mesmo é ouvir por aí os defensores do "voto útil", que repetem coisas como "lutamos tanto pra votar, agora não vou anularrr meu votuuu". Lutaram onde, quando, como, com quem e por quê? Não lutaram porra nenhuma! Se um dia tivessem que lutar por qualquer coisa, os repetidores de lixo ficariam em casa tomando nescau. Iriam para o shopping center enfrentar filas, comer algodão doce e patinar no gelo. Se acabassem hoje com as eleições, os brasileiros sairiam nas ruas com perucas verdes, assoprando cornetas. Seria só uma diversão a menos, uma festa a menos, um assunto que rende papos sonolentos e frases feitas a menos. Uma gincana a menos. Tudo isso aqui não passa de uma grande gincana, um circo onde só ficaram os palhaços.

Com todas as letras:
bando de I-D-I-O-T-A-S.