sábado, 3 de julho de 2010

Como é bom perder a copa do mundo de futebol

É um alívio indescritível. Acabou. O saldo da copa na África é positivo para o Brasil, a grande vitória foi se livrar do Dunga. É sempre assim: é preciso que milhões de idiotas da nação, chorosos e em roupas de palhaço, desçam ao nono círculo do inferno só para perceber o que não queriam perceber enquanto havia tempo. Ter o Dunga como técnico considero um disparate, mas torcer para um projeto como esse já é digno dos infernos. Só no mais profundo dos infernos é que devem torcer para um time assim.

Pra começar, o Dunga devia ter levado como assistente o Mauro Silva, que em 94 era obrigado a aguentar o próprio Dunga arrancando grama ao seu lado. Deixassem o time com o Mauro Silva. Nada de Jorginho, que é chato, mas que cruzava melhor que o tal de Maicon. Time base do Dunga: um goleiro mascarado, dois zagueiros razoáveis e dois fracotes nas laterais; um marcador sem sal, uma cavalgadura fardada, um cumpridor de ordens e um moço correndo pra todos os lados, testando passes e tentando bolas colocadas; um atacante que gira e dança sozinho e um centroavante que se considera o camisa nove dos sonhos. Técnico: mané pastel e boca suja que arrancava tocos.

Com quase isso o Brasil jogou bem no primeiro tempo contra a Holanda, foi a única coisa razoável que fez no mundial. Acho que o Brasil devia jogar sempre de azul. É mais sóbrio e o jogo fica mais honesto, aquele amarelo irritante só atrapalha, parece roupa de manobrista. Quando entra de azul o Brasil ainda tem a possibilidade de amarelar, o que é também possível, porém imperceptível, quando já está fardado de amarelo. De amarelo o Brasil toca a bola de lado, sem nenhuma opção de jogo, até que um adversário erra e a bola entra. De azul o Brasil vai pra cima, como no primeiro tempo. Depois, amarela.

Saldão do Brasil na copa: não fez nada contra a Coreia do Norte, que não poderia disputar a segundona do campeonato goiano; não fez nada contra Costa do Marfim, apenas dois gols rapidamente, um deles irregular; não fez nada contra Portugal; não fez nada contra o Chile, só alguns gols bobos; fez um bom primeiro tempo contra a Holanda, apagou no segundo. Os quatro primeiros jogos não contam, a copa começou e terminou contra a Holanda. É simples, quando o adversário não se borra quem tem grandes chances de se borrar é o Brasil. E a Holanda não se borraria, pois tem um futebol melhor que o nosso. À exceção de Romário, os melhores jogadores holandeses das duas últimas décadas são melhores que qualquer jogador da seleção brasileira desde 1990 - só falta alguém dizer que iria de Denilson ou Rivaldo, ou quem sabe o Ronaldo babando e tropeçando na banheira. A Holanda nunca foi campeã do mundo porque nunca abandonou o bom jogo só pra erguer a taça, como certos arremedos que se iludem com vitórias fúteis, times burocráticos e insossos que enchem e estouram o saco de toda uma nação. A Holanda pelo menos jogava bonito, agora pensa em ganhar e não encontra grandes dificuldades para enrabar a seleção brasileira - que não teve nada além do que pediu e mereceu ao longo de toda a competição, como dizem certos remanescentes cérebros de emu da tasmânia.