Sempre estiveram, mas agora temos mais uma certeza para reforçar o que todos já sabem e deixar claro para qualquer otário desavisado: pode, sim, ter caixa dois e comprar apoio nas eleições. Quem disser que não está mentindo. A capital referência abaixo do Equador tem longa tradição no assunto, uma história construída com o suor de abnegados que se entregam às funções públicas. Tem eleito, perdedor, eleito e reeleito, eleito que abandona o mandato, biônico etc: se for denunciado, a denúncia não vale; se for flagrado, o flagrante não vale; se for gravado, a gravação não vale; se for fotografado, a fotografia não vale; se for filmado, a filmagem não vale. Tem que confessar e assinar, mas há o risco de a confissão e a assinatura não terem validade alguma. Neste grande e hediondo muro os tijolos são despachos, papéis e assinaturas: é que o cumprimento de certas leis esbarra em outras leis, e quem as cria é julgado com base em sua própria criação. Um sistema perfeito, consideram cro-magnons, sicofantas e causídicos com formação precária. Caixa dois e compra de aliados só não viram lei porque deixar tais intenções claras seria um ato de honestidade da parte dos autores das leis, cuja tendência à honestidade tem se mostrado ínfima desde que esta fazenda foi retalhada em capitanias hereditárias.
O Brasil é o círculo do inferno para os que se acostumaram com a canalhice. A punição suprema para tais condenados é obrigá-los a conviver uns com os outros.