sexta-feira, 2 de março de 2012

Curitiba, a gigantesca fábrica de chifres

No exílio leio os sites de "notícias" do Paraná: a onda agora é a ocupação policial nos bairros, a última palavra em segurança pública, o grande projeto para ocupar espaço nos jornais, para empoados abrirem o bico e para resultar em nada. Horas depois do escândalo, a prefeitura da capital ecológica com shopping center em área de manancial confirmou que a passagem do transporte coletivo será reajustada para R$ 2,60. Fato que ficou em segundo plano diante da histórica operação policial, heróica como a defesa das Termópilas, significativa como o cerco de Napoleão a Toulon e dramaticamente grandiosa como uma Stalingrado rediviva. Depois de laureados pelos folhetins, os heróis darão geral em pobre, humilharão pobre e prenderão meia dúzia de laranjas e pés-de-chinelo.

Aos cálculos, que os inúteis "ainda não tiveram tempo para fazer": cerca de 2 milhões de pessoas usam o transporte coletivo por dia em Curitiba e região. Como elas têm que voltar, são 4 milhões de passagens pagas todos os dias, no mínimo. Ou seja: com a passagem a R$ 2,50, o sistema embolsava, por baixo, R$ 10 milhões por dia. São R$ 200 milhões por mês, descontados os fins de semana. "Ah, mas tem o custo do diesel, a manutenção e o salário dos motoristas", apressam-se em dizer os cérebros de tatu. Vá tomar no cu, filho-da-puta! Só cérebros de tatu acham que é necessário embolsar R$ 200 milhões por mês (por baixo) para bancar salários, "pagar o diesel" e trocar meia dúzia de peças (se é que trocam). Em dez anos, a passagem subiu mais que as peças e o diesel; e os cobradores foram eliminados, o que reduziu a folha de pagamento e cagou ainda mais no trânsito - mas tente, por um momento que seja, dialogar com um jumento. Essa e outras lorotas são como chifre: inventam e colocam na cabeça do curitibano, que adora fazer papel de corno. E assim segue a grande fábrica de chifres, que vai de planilhas do transporte coletivo a novas soluções em segurança. É tudo tão lamentável, com tamanha capacidade para dar sono, que deviam reajustar a passagem para cincão de uma vez. O sistema embolsaria (por baixo) R$ 20 milhões por dia, ou R$ 400 milhões por mês (descontados os fins de semana), e daria para PAGAR O DIESEL E TROCAR UMAS PECINHAS, NÉ, FILHO-DA-PUTA? Com cincão dá para o corno manso pegar um Interbairros e passar o dia visitando os belos, seguros e atraentes bairros pacificados. Cincão no rabo do povo que defende o enriquecimento alheio e confunde a urna eletrônica com a privada fedida que tem em casa.

Vá beijar a arara do Passeio Público e não me encha o saco.