segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Brasil, leniência e desídia

É o nome do meu novo samba. Temos preguiça para quase tudo, menos para o que não presta: ligar a televisão, falar mal do vizinho e de familiares inúteis, frequentar praia fedida, furar sinal, encher a pança com essa lavagem que chamam de cerveja, degustar carne podre em rodízios. O brasileiro é um cabeça-de-vento. Passa de 600 o número de mortos em uma área que há anos as autoridades sabiam que ia desabar quando chovesse. Mas o povo é solidário: comerciantes inúteis aumentam o preço da água e da comida. Um povo sério e eficiente: as doações são abandonadas e apodrecem na chuva. Traçamos um plano urgente: a Força Aérea só chega ao local com três dias de atraso. É hora de somar forças: o prefeito de uma cidade atingida impede a Cruz Vermelha de trabalhar. Os legisladores pensam no bem comum: 30 projetos com medidas para amenizar os efeitos das enchentes estão parados no Congresso, porque os parlamentares só pensam em putaria e roubalheiras. O país do futuro: o novo Código Florestal libera a ocupação em áreas de preservação, porque especuladores imobiliários e ruralistas querem. Agora vou registrar o meu samba, antes que algum brasileiro vagabundo roube a ideia, grave uma merda de cd com pagodeiros analfabetos e vá chorar no Faustão, dizendo que é injusto receber tão pouco em direitos autorais.

Um canil! E fede.