A melhor história do ano nesse estado, por enquanto, foi essa das roubalheiras descaradas na Assembleia Legislativa do Paraná. Talvez tenha sido a melhor da década, do século, a melhor na história dessa província. Foi no mínimo estranho ver a cara dos deputados nas sessões de terça e quarta-feira, carinhas de moleque que fez cagada na escola, carinhas de coitadinhos enganados, carinhas de arrependimento, carinhas de preocupação. Não adianta virem a público para pedir respeito. Não há lei que me obrigue, em meu íntimo, a respeitá-los. Mesmo porque ninguém é obrigado a ser deputado -- eles são porque querem, porque se candidataram e porque alguém, em um dia muito infeliz, se dispôs a votar neles. Como ninguém vem ao mundo com a obrigação de ser deputado, bem que eles poderiam renunciar a seus mandatos. Os 54 de uma vez. Só assim demonstrariam que ainda têm honra, que um dia tiveram berço. Só assim demonstrariam um pouco de hombridade, poderiam entrar no bonde da história. Só assim poderiam exigir um pouco de respeito, e talvez até ganhassem um pouco do meu respeito. Mas não. Eles não estão nem aí para essas coisas. O Brasil é um lugar tão emporcalhado, com um povo tão vira-lata, que por aqui os políticos pegos com a boca na botija se acham no direito e no dever de ir até o fim, mentindo cada vez mais, esperando que tudo caia no esquecimento. Continuarão lá os altivos parlamentares, em suas cadeiras fedidas, em seus gabinetes nauseabundos, vivendo em um mundo paralelo, alheio a tudo e a todos. A cada dia os deputados estaduais dão claras mostras de que perderam definitivamente a noção do ridículo. Os homens e as mulheres que ocupam as cadeiras da Assembleia Legislativa do Paraná, definitivamente, não merecem o meu respeito.
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Vale a pena repetir o que saiu na RPC e na Gazeta do Povo:
Diários avulsos
Laranjas
O todo poderoso
A rede
Altos salários sem trabalhar
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