quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Pedreira segue fechada. E o curitibano é um caipira que carrega guarda-chuva em dia de sol

O juiz sei-lá-quem decidiu que a pedreira Paulo Leminski permanecerá no mínimo mais seis meses receber shows. É incrível como uma única pessoa pode decidir isso. Imagino que milhares queiram a volta dos shows, mas uma pessoa pode bater o martelo. Acho que isso se chama democracia. Abrir a pedreira para espetáculos foi uma das únicas ideias decentes que já tiveram nessa cidade; a prova disso foi a lista de artistas internacionais que lá se apresentaram, que não teriam passado por aqui se o espaço não existisse. Mas os caipiras não gostam de ideias decentes, eles gostam é de carregar guarda-chuva em dia de sol. Moradores das redondezas se sentiram incomodados e um promotor sei-lá-quem recorreu à justiça; a proibição veio em 2008. Agora, o juiz sei-lá-quem disse que a pedreira só reabre se fizerem um "laudo pericial que constate os impactos de eventos". Por esse raciocínio, devemos pedir "laudos periciais" sobre o impacto dos jogos de futebol na cidade. Quem mora nas imediações da Baixada ou do Couto Pereira convive com um bando de arruaceiros idiotas, analfabetos e bêbados todos os fins de semana, mas nunca vi pedirem "laudos periciais" para liberarem essas peladas de quinta categoria. Interditaram o Couto Pereira por causa da pouca-vergonha do fim do ano passado, mas não vemos promotores ou juízes exigirem "laudos periciais"; o que vemos é uma campanha de caipiras e ignorantes para liberar o estádio, custe o que custar. Nunca vi pedirem "laudo" sobre o impacto da novena das quartas-feiras no Alto da Glória, que fode todo o trânsito da região. Pra isso não precisa de laudo. E a pedreira, segundo o juiz sei-lá-quem, continuará recebendo "eventos religiosos". Show não pode, o que pode é evento pra meter a mão no bolso dos idiotas e minhoca na cabeça dos imbecis. São as prerrogativas da religião em nossa avançada sociedade do século 21. Enquanto isso, a cidade perde os grandes shows e os jumentos embriagados fazem arruaça e arrastão na saída dos estádios, mas isso não parece suficiente para chamar a tenção dos promotores e do juiz sei-lá-quem.

Sugiro que mudem o nome do local para pedreira Emílio Garrastazu Médici. Tem mais a ver com esse espírito de proibição. E faríamos uma justa homenagem a um homem que seria ídolo dos curitibanos, caso os curitibanos soubessem quem ele foi. Porque Curitiba não é uma cidade. Curitiba é um trauma.