Cachoeira 2014

É o nome de consenso para governar com uma ampla coalizão de partidos: tem bom trânsito, recebe bem a todos e é bem recebido por todos. Tem iniciativa e visão de futuro, bom senso, capacidade de articulação e está sempre aberto ao diálogo. Demonstra firmeza, pois não abaixa a cabeça para o Congresso. Sob sua liderança poderemos instalar uma constituinte, para "aprofundar a democracia": aumentar a atual gigantesca e burocrática balela jurídica, para engordar e levar ao pedestal uma súcia de advogados de meia pataca, consagrando enfim uma republiqueta jacobina de causídicos semialfabetizados e milionários. Só assim as liberdades avançarão. Precisamos aprofundar a possibilidade de recorrer e postergar até que os crimes contra o erário prescrevam, pois a simples ideia da republiqueta jacobina de causídicos semialfabetizados paira sobre todo e qualquer anseio ou possibilidade, todo e qualquer resquício de individualidade. Precisamos aprofundar os debates na sociedade, desde que exista apenas a opinião de quem defende a putaria, em todos os sentidos, em todos os níveis da vida humana, pois manifestações em sentido contrário ferem o próprio princípio de liberdade gestado nos intestinos de causídicos bêbados e iletrados. Precisamos de mais consumo. Precisamos manter esta fazenda-laboratório. Precisamos pagar em dia os juros da dívida pública. Precisamos que a famigerada mídia, enquanto isso, nos ensine a declarar o imposto de renda e a apagar a luz para salvar o planeta, que nos ensine viver em paz e a refletir sobre corajosas entrevistas de bandalhos e vagabundas. Cachoeira 2014. É o que há para o momento. Foda-se.

Governo de menudos envelhecidos

Dá até um negócio ruim ver fotos dos integrantes do atual governo da província nos jornais. Parecem ex-imberbes de (relativo) sucesso em suas épocas, que dedicam toda sua energia para manter o topete revolto e o artificial bronzeado. Sempre um estilo casual (é para ler em inglês) nas reuniões em que os principais participantes são os fotógrafos, para que os mancebos posem apontando o dedo para mapas, com o olhar fixo a analisar planilhas, com alguns fios de cabelo que caem na testa para mostrar o esforço, a seriedade, a visão de futuro, o cheiro de cloro das piscinas, os ares de quem deixou a sauna há pouco. Para delírio de um bando de idiotas. Para delírio de um bando de caipiras. Para delírio de liberais de meia tigela da Curitiba linda-linda, que passam seus dias a discursar sobre o estado mínimo enquanto reformam seus apês e suas mansões com dinheiro do governo.

PS: Em meio à crise na Polícia Civil, o governador resolveu tirar férias. Faço votos para que leve junto meio governo, ou seja, toda a família de nepotes: é a única chance que temos de a situação melhorar um pouco. Que leve também o blogueiro criador de bandoleiros que animam campanhas eleitorais. Este é absolutamente necessário: como não sabe escrever e caráter não se aprende nem se compra, tal ectoplasma deve saber lavar uma boa cueca suja. Que lave as cuecas do chefe durante os passeios pelo Velho Mundo!

"Juntos 2012": deve ser a união do corno com o manso

Ainda não descobri o que significa esse adesivo que começou a se alastrar pelos carros dos maiores barbeiros de Curitiba, nem pretendo. Deduzo que não se trata de campanha política, né, pois a campanha ainda não começou e nossos homens públicos sempre respeitam a lei, né. Deve ser então a união do CORNO com o MANSO, que se encontram para levar uma vida pacata e brejeira neste fim de mundo. Quiçá algum sertanejo analfabeto que se une a outro desocupado para espalhar fezes por aí. Seja o que for, o adesivo tem uma utilidade: indicar que o corno à sua frente está prestes a fazer alguma cagada no trânsito, pois essas são as pessoas menos confiáveis do planeta. Ele também significa "ultrapasse", pois esse tipo de corno anda a trinta por hora, em velocidade compatível com sua capacidade de raciocínio, a admirar o edificante espaço urbano de supermercados e concessionárias. Um zoológico aberto, onde os cérebros de lhama e emu se debatem pela sobrevivência, com direito a carteira de motorista e outras coisas mais.

Um país de merda onde nada pode ser dito

Só se for para puxar sacos, evidentemente: aí está liberado. Fazem 512 anos que um circo itinerante de puxa-sacos e sifilíticos se instalou neste fim de mundo, e de lá para cá os lambe-botas vêm se reproduzindo como ratos. É preciso puxar sacos, dizer que a nação está no caminho certo porque uma turba de descerebrados pode comprar lixo a prestação, com juros sobre juros embutidos bem no meio do rabo. Nada além de puxa-saquismo pode vir à tona, pois as vestais que chafurdam no dinheiro público ficam ofendidas; recorrem então a promotores desocupados que dão atenção a propagandas de roupas íntimas, pedem auxílio a cabides de emprego que atendem pelo nome de ministério. O poder público destina seus parcos recursos a perseguir a livre expressão, em nome da liberdade, enquanto 50 mil são mortos por ano, enquanto 80 mil crianças desaparecem por ano, enquanto os oligopólios vendem dejetos para uma população de batráquios. Homicidas fogem do local do crime e andam livremente, pois a lei criada por deputados patifes, que valem menos que bosta, assim permite; já falar qualquer coisa tem grande repercussão entre canalhas que passam seus dias em redes sociais ridículas. E paremos por aqui: se não gostou, crie uma ong para torrar recursos públicos e encher o saco por aí, arregimentando analfabetos que berram e seguram faixas. Depois disso, vá tomar bem no meio do seu cu.

Limpeza mental

Um ano sem ler blogs defecados em Curitiba traz um efeito muito positivo à mente. Um ano sem contato com lugares comuns, repetições, análises furadas, notas pagas por governantes sem escrúpulos, falsidades plantadas por assessores inúteis de deputados cafajestes, fotos de prefeitos e secretários em suas poses de debiloides etc. Quando nos livramos de alguma coisa, percebemos que ela não faz falta alguma. Nenhuma falta. Prefiro olhar para a parede ou para as nuvens do que ler o que salafrários e vigaristas analfabetos digitam, mal e porcamente, com seus cascos fedorentos e sem escrúpulos.

Um despreparado com um apito na boca

Futebol é assunto para javalis vestidos, mas essa merece ser registrada por demonstrar o baixíssimo nível moral e intelectual que nos rodeia. Depois de fazer suas lambanças na primeira partida da final do desprezível campeonato paranaense, o  árbitro-secretário saiu por aí dizendo que o time que reclamou de sua desastrosa arbitragem está de "choradeira". Isso é papel de um árbitro? Que moral terá este senhor para apitar outro jogo deste time? Um juiz que toma uma decisão em uma corte está autorizado a dizer que a parte perdedora está "de choradeira"? Qualquer juiz que fizer isso estará jogando seu nome na lama, pois certas funções exigem que a pessoa se dê o devido respeito. O árbitro-secretário ganha para fazer o que faz e não é de bom tom ele vir a público e dizer, no dia seguinte, que alguém está de "choradeira". Mesmo que sua atuação tivesse sido perfeita, e não foi o caso: o "árbitro Fifa" deixou de marcar dois pênaltis e validou um gol impedido. Como quem fala o que quer ouve o que não quer, sinto-me autorizado a dizer que o senhor árbitro-secretário é um despreparado com um apito na boca. Seria o caso de mandar para a Fifa uma gravação com seus erros primários e uma cópia de sua desastrada entrevista. Senhor árbitro-secretário, vá plantar batatas e nunca mais volte.

Três anos depois acidente que matou duas pessoas, queremos saber: quem era o filho-da-puta que fazia racha com o deputado voador?

Não dá pra saber, pois os radares da eficiente empresa que "presta serviços" para a desavergonhada prefeitura de Curitiba não flagraram nem multaram ninguém naquela madrugada de maio de 2009 - mas só naquele local, no resto da cidade os anônimos seguiam sendo vigiados e achacados. Não dá pra saber: é que as gravações feitas pelas câmeras de um posto de combustíveis e de um prédio misteriosamente sumiram. Não dá pra saber, porque o delegado que conduziu o inquérito (sic) não quis descobrir. Tempos depois prendeu um cidadão que teve um AVC ao volante, sob a acusação de que estava bêbado. É pra ver a competência da nossa polícia. Já o ex-deputado voador, que enche a cara e mata duas pessoas a mais de cem por hora, segue livre. Aos anônimos, todos os rigores possíveis. Aos deputados e filhos de prefeito, todas as benesses que a maldita lei proporciona, com direito a bem remunerados auxílios de velhacos e tergiversadores. Mas fiquemos tranquilos, um dia descobriremos quem era o filho-da-puta que fazia racha com o embriagado ex-deputado voador naquela madrugada.