quarta-feira, 17 de março de 2010

Deputados estaduais perderam definitivamente o bonde da história e o senso do ridículo

A melhor história do ano nesse estado, por enquanto, foi essa das roubalheiras descaradas na Assembleia Legislativa do Paraná. Talvez tenha sido a melhor da década, do século, a melhor na história dessa província. Foi no mínimo estranho ver a cara dos deputados nas sessões de terça e quarta-feira, carinhas de moleque que fez cagada na escola, carinhas de coitadinhos enganados, carinhas de arrependimento, carinhas de preocupação. Não adianta virem a público para pedir respeito. Não há lei que me obrigue, em meu íntimo, a respeitá-los. Mesmo porque ninguém é obrigado a ser deputado -- eles são porque querem, porque se candidataram e porque alguém, em um dia muito infeliz, se dispôs a votar neles. Como ninguém vem ao mundo com a obrigação de ser deputado, bem que eles poderiam renunciar a seus mandatos. Os 54 de uma vez. Só assim demonstrariam que ainda têm honra, que um dia tiveram berço. Só assim demonstrariam um pouco de hombridade, poderiam entrar no bonde da história. Só assim poderiam exigir um pouco de respeito, e talvez até ganhassem um pouco do meu respeito. Mas não. Eles não estão nem aí para essas coisas. O Brasil é um lugar tão emporcalhado, com um povo tão vira-lata, que por aqui os políticos pegos com a boca na botija se acham no direito e no dever de ir até o fim, mentindo cada vez mais, esperando que tudo caia no esquecimento. Continuarão lá os altivos parlamentares, em suas cadeiras fedidas, em seus gabinetes nauseabundos, vivendo em um mundo paralelo, alheio a tudo e a todos. A cada dia os deputados estaduais dão claras mostras de que perderam definitivamente a noção do ridículo. Os homens e as mulheres que ocupam as cadeiras da Assembleia Legislativa do Paraná, definitivamente, não merecem o meu respeito.

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Vale a pena repetir o que saiu na RPC e na Gazeta do Povo:

Diários avulsos

Laranjas

O todo poderoso

A rede

Altos salários sem trabalhar

Todas as matérias

sexta-feira, 12 de março de 2010

Estou deveras emputecido com o assassinato do Glauco e do filho dele por um pateta qualquer

Um idiota vai lá e acerta quatro tiros no cartunista Glauco, que nunca fez mal a ninguém! O cara não incomodava ninguém, ficava com a família e a comunidade dele lá em uma chácara! Como é que vai ser agora, sem o Geraldão e a Dona Marta! O mundo é tão insuportável, tão pavorosamente chato, que nunca vi alguém se dizer "Jesus Cristo", como o assassino do Glauco e do filho dele, Raoni, para meter bala na cara de político mentiroso e safado. Talvez porque essa corja imunda ande longe de todos, cercada por seguranças. Foda-se, esse gentalha repetidora e produtora de merda nem merece ser citada nesse momento. O mundo é realmente um amontoado de fezes. Vou dormir, pretendo dormir pelos próximos dois dias. Não me acordem!

domingo, 7 de março de 2010

O transplante do pinheiro

(Aos poetas que circulam pelas ruas da capital-cocô)

observo-os daqui e sinto
que nunca chegarei ali
naquele ponto de genialidade extrema
que termina sem ter começado
que termina sempre cagado
no paralelepípedo fedido e molhado
inexpressivo, pestilento e exaltado;
é um tal de polaco pra cá,
polaco pra lá, bigode,
cerveja quente no quintal
e palavras colocadas a esmo,
e eles saem, andam, voltam, vomitam e dormem,
veem o que ninguém viu,
teorizam sobre o bife sujo no palito, as putas,
a casa de madeira na barreirinha, o jardim no pilarzinho,
os livros da biblioteca pública,
as andanças em cafés do teatro
e aqueles dias na universidade fedegal do baganá;
e o que seria sem a riachuelo, os hai-cais da muricy
homens de chapéu na rui barbosa,
pipoca no passeio público, sentimentos de guadalupe,
miçangas da ordem, feirinhas, chuvinhas a mais:
palavras a esmo, defecadas sim.
e eu aqui,
observo-os e sinto
que nunca, nunca
estarei ali
porque é um tal de polaco pra cá,
polaco pra lá
saldanha marinho, bilhar,
fotos em preto e branco, e o bar,
banheira da mara, anarquismo de museu
neoneopitagóricos, sonhos no banco
da praça tiradentes, e um amigo
que certamente já morreu;
invariavelmente bebedeira,
musa de colossal e abismal besteira,
e penso
é tão fácil ser um bêbado,
é tão difícil ser um abstêmio,
e penso, relato
é tão fácil ficar bêbado
e chato

quinta-feira, 4 de março de 2010

Se os circos com animais foram proibidos, por que os rodeios não são proibidos neste fim de mundo?

Porque deputados estaduais inúteis ganham votos nesse tipo de aberração. Porque eles viajam no meio da semana para fins de mundo, cidades com nomes ridículos, onde mandam matar bois e distribuem linguiça de segunda para um populacho totalmente dispensável. Lá eles mentem, puxam sacos, falam merda e tentam garantir alguns votos. Por isso o rodeio é considerado um "esporte" no Paraná, que não verdade não é um estado, mas uma barroca, uma barranca prestes a sumir dentro do rio; uma favela moral e intelectual. Quem consegue se divertir vendo um "rodeio" é alguém que nem apanhar merece: sua pobreza de espírito é tão grande, tão estupenda, tão colossal, que merece nossa compaixão. Merece orações, rezas, benzimentos, meditações, velas, mantras e tudo mais que você possa imaginar. Quando vejo carros com adesivos de "rodeios", tenho vontade de abrir a janela e vomitar. E de me afastar da suposta pessoa o mais rapidamente possível, pois a simples convivência com essa pretensa gente me é insuportável. Quanto aos deputados, não espere deles um projeto para proibir os rodeios. Só os circos com animais podem ser proibidos, rodeios jamais. Porque deputados fedem, são a pior espécie. São o lixo e a lixeira, a merda e a privada, o mau hálito e a flatulência em forma de gente – e muitos deles nem forma humana têm. Valem tanto quanto o saco de fezes que se julga humano e cola um adesivo com a inscrição "Rodeio de Colorado" atrás do carro.

Quem não gostou que amarre o próprio saco, peça para um "peão" montar nas suas costas e passe suas tardes a ouvir a voz de um locutor analfabeto e porcalhão a gritar impropérios enquanto uma turba de mal-lavados mastiga carne podre e sorve cerveja quente. Cambada de FILHOS-DE-PUTAS RAMPEIRAS.